quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Fui criado com princípios morais comuns ...


Quando era pequeno , as mães , os pais , os professores , tios , vizinhos , avós , eram autoridades dignas de consideração.

Quanto mais próximos ou mais velhos, mais afecto.Impensável responder de forma mal educada os mais velhos, aos professores ou autoridades. Confiávamos nos adultos , porque todos eram pais, mães , ou vizinhos da nossa rua , do nosso bairro , ou da nossa cidade.

Tinhamos medo apenas do escuro , dos sapos , e dos filmes de terror.

Tinhamos respeitos por tudo.

Hoje deu-me uma tristeza infinita por tudo aquilo que perdemos. Por tudo aquilo que um dia nossos netos enfrentarão! Pelo medo no olhar , das crianças, dos jovens , dos velhos e dos adultos.

Perante tudo o que enfrentamos hoje, pelas coisas que temos e não deveríamos ter, pelas imposições que nos atingem sem sermos consultado, pelas obrigações e deveres contraditórios, pelo desnorte de todos que concordam com essa incoerencia da sociedade , por tudo isto, fiquei triste , muito triste.

Já não temos confiança em ninguém , já não acreditamos em ninguém. Desconfiamos de toda a gente , porque toda gente desconfia de nós. Está tudo trocado!

Temos direitos humanos para os criminosos, deveres ilimitados para os cidadãos honestos. Amnistia para corruptos e ladrões!

O que aconteceu conosco? que sociedade temos?

Professores maltratados na sala de aula , comerciantes ameaçados por traficantes , grades nas portas e janelas ...

Que valores são estes ?

Automóveis que valem mais que abraços.Filhas querendo uma cirurgia plástica como presente de passagem de ano. Telemóveis nas mochilas das crianças. Modernismo!

O que vai se querer em troca de um abraço? será que sabem o que é um abraço?

Abraços... vendem-se

Quando é que tudo desapareceu e se tornou ridículo ?

Como é que vamos mudar isto?Quando vamos por as coisas no lugar?

Onde é que para a dignidade humana ?

Eu gostaria de poder arrancar as grades da minha janela , deitar na varanda , e dormir com a porta aberta .Alguém se lembra de quando isso era possivél ?

Eu queria a honestidade como motivo de orgulho, a rectidão de carater e o olhar nos olhos .

Eu queria a vergonha na cara o olhar nos olhos. Eu queria a vergonha na cara , queria a solidariedade, a alegria , a esperança, a confiança.

Em vez de aplaudirmos o ter , deveriamos elogiar o SER.

Quem nos dera novamente o retorno da verdadeira vida , simples como a chuva, limpa como o céu de primavera , leve como a brisa da manhã. Definitivamente bela como o amanhacer.

Como Torga tinha razão! Como gostaria de ver de novo o meu mundo simples e comum! Lá existiam o amor , a paternidade , a solidariedade , com valores fulcrais.

A indignação diante da falta de ética ,de moral e de respeito.

Será que podemos voltar a ser gente ?Construir um mundo melhor, mais justo , mais humano , onde todos se respeitem? Não , não é utopia! Pensem um pouco. Será que vale a pena tentar?
Sim!Com toda certeza!Os nossos filhos merecem e os nossos netos agradecerão...


Texto adaptado- Arnaldo Jabor


sábado, 4 de setembro de 2010

Bunda Dura

Tenho horror à mulher perfeitinha.
Sabe aquele tipo que faz escova toda manhã, tá sempre na moda e é tão sorridente que parece garota-propaganda de processo de clareamento dentário?
E, só pra piorar, tem a bunda dura !!!
Pois então, mulheres assim são um porre… Pior: são brochantes.
Sou louco?
Então tá, mas posso provar a minha tese. Quer ver?

a) Escova toda manhã:

A fulana acorda às seis da matina pra deixar o cabelo
parecido com o da Patrícia de Sabrit.
Perde momentos imprescindíveis de rolamento na cama, encoxamento do namorado, pegação, pra encaixar-se no padrão ‘Alisabel’, que é legal…

Burra.

b) Na moda:

Estilo pessoal, pra ela, é o que aparece
nos anúncios da Elle do mês..
Você vê-la de shortinho, camiseta surrada e cabelo preso?
JAMAIS!

O que indica uma coisa: ela não vai querer ficar desarrumada nem enquanto estiver transando.

c) Sorriso incessante:

Ela mora na vila dos Smurfs?
Tá fazendo treinamento pra Hebe?
Sou antipático com orgulho, só sorrio para quem provoca meu sorriso…
Não gostou?
Problema seu. Isso se chama autenticidade, meu caro.
Coisa que, pra perfeitinha, não existe.
Aliás, ela nem sabe o que a palavra significa…

Coitada.

d) Bunda dura:

As muito gostosas são muito chatas.
Pra manter aquele corpão, comem alface e tomam isotônico, portanto não vão acompanhá-lo nos pasteizinhos nem na porção de bolinho de arroz do sabadão.
Bebida dá barriga e ela tem H-O-R-R-O-R aqualquer carninha saindo da calça de cintura tão baixa que o cós acaba onde começa a pornografia:
nada de tomar um bom vinho com você. Cerveja?

Esquece!

Portanto:

É melhor vc ter uma mulher engraçada do que linda, que sempre te acompanha nas festas, adora uma cerveja, Gosta de futebol, prefere andar de chinelo e vestidinho, ou então calça jeans e camiseta básica, faz academia quando dá, come carne, é simpática, não liga pra grana, só quer uma vida tranqüila e saudável, é desencanada e adora dar risada;
Do que ter uma mulher perfeitinha, que não curte nada, se veste feito um manequim de vitrine, nunca toma porre e só sabe contar até quinze, que é até onde chega a seqüência de bíceps e tríceps.
Legal mesmo é mulher de verdade… E daí se ela tem celulite?
O senso de humor compensa. Pode ter uns quilinhos a mais, mas é uma ótima companheira.
Pode até ser meio mal educada quando você larga a cueca no meio da sala, mas e daí?
Porque celulite, gordurinhas e desorganização têm solução.
Mas ainda não criaram um remédio pra FUTILIDADE!!




Arnaldo Jabour

sábado, 14 de agosto de 2010

Amigos ...



Pudera eu ter o dom de um poeta ou de um músico, para poder colocar em verso a melodia ,o sentimento, de uma amizade.
Amigo ocupa mais espaço do que somente o lado esquerdo do peito.
Amigo é aquele com quem choro , com quem rio é aquele com quem exploro riachos e cachoeiras dentro de mim.
Amigos de verdade não temos muitos , não importa se tenho 1 ou 100, cada um em cada momento é especial único e vital.
Amigo não se escolhe, não se 'pede' ninguém em amizade.
Ela simplesmente existe ou não.
Sem tempo determinado, sem prazo de validade..
Amizade é sentimento é afeto, amor , respeito, veracidade, é carinho, cumplicidade, é um beijo um abraço.
Abrace um amigo hoje, mesmo que não seja seu...
...Abrace um estranho ,ele certamente é amigo de alguém;
E você sabe o quanto ele é importante.
Que Deus abençõe cada amigo e cada felizardo que o tem!

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Chapéu coco, saia de pregas


Para refletir ... estava lendo uma revista quando vi esse texto, legal pra dar uma refletida, e expressar-se quando tiver vontade ;D




É o parque em inverno de muitos verdes,de: pipoca, algodão-doce,cata-vento.Estamos envoltos em lã. Alguém toca realejo.

Vemos- que o moço de chapéu-coco senta-se a um canto a outro a moça de saia de pregas.Ignoram-se. Ambos escondem cinzas, poucas, no coque e sob o chapéu. Têm o rosto cansado, mas sereno.

E sabemos- que o moço, matemático, perdeu a mulher pra cantor (de boleros). Às vezes ,chora. Não tem vícios. Gosta de carrosséis, à noite. Cultiva cravos.

A moça nunca arranjou marido. É enfermeira (mas quis ser trapezista).Quer uma filha ,pra chamar de Alice. Sente frio.

Se o moço visse a moça, se a moça visse o moço, haveria comoção, queda de amores. Piscariam os grandes olhos tépidos. O moço daria à moça o cravo em sua lapela, seu negríssimo sobretudo. Mentiria- que é muito poeta, tocador de acordeão.

A moça estenderia a mão com luva, tentaria sorriso nunca usado. Saberiam ambos. Dar-se-iam o medo de que o outro morresse, fugisse - o acender de luzes pra ver se o outro tem um corpo, e dorme.

Se vissem, se apenas vissem, ela seria Mafalda, ele Armando, de sobrenome mesmo. Assinariam papéis. Na boda, Mafalda usaria lilás, já tão cheia de Armando, de Alice: Alice seria frágil , de doçura tanta... Teimaria em andar descalça (menina, nesse chão gelado!) enquanto a mãe lhe tricotasse longas meias, e para o pai um cachecol vermelho.

Se , apenas se, iriam ao circo, andariam de carrossel, à noite- Alice sorrindo, sem os dentes da frente. Seriam três por aí, tão juntos (cuidado com o vento, os carros, o sangue, os insetos). Seriam três, e a certeza de um beijo, se o quisessem, e não respirar sozinho.

Mas eis que chega a hora de partirmos. É cada vez mais tarde. O moço , que tinha nas mãos o chapéu-coco, devolve-o a cabeça. A moça ajeita a saia de pregas. Levantam-se.

E caminham, os dois, para ruas opostas, na direção de prédios muito altos.



Revista Bravo! ,Junho de 2010

Texto de Ana Santos , O que faltava ao Peixe